segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Velhinha aflita

Um dia à saída do meu antigo serviço, quando atravessava a Rua Gomes Freire, dirige-se a mim uma velhinha toda aflita e a tremer muito. Pedi-lhe que se acalmasse e então disse-me que andava perdida, pois já tinha dado não sei quantas voltas às ruas e não conseguia encontrar um jardim. Perguntei-lhe então para me dizer se esse jardim tinha alguma coisa que eu pudesse identificar e respondeu-me que só sabia que tinha lá uma casa ou barraca de madeira. Foi fácil para mim. Perguntei-lhe se não seria no Campo Santana? Foram palavras mágicas. Assim que as ouviu disse logo que era isso mesmo. Era para lá que queria ir pois tinha umas pessoas que lhe pertenciam, no Hospital dos Capuchos. Por acaso ela já estava do lado certo da rua. Ensinei-lhe que bastava ir em frente atravessar umas quantas ruas sempre pelo mesmo passeio e num instante estava no Campo Santana. Aí poderia perguntar onde era o dito Hospital. Tive pena de não a poder acompanhar. Fiquei com remorsos, mas estava mesmo com projectos e muita pressa. Foi a cena mais emocionante que se passou comigo e com alguém que eu não conhecia. Agarrou-me as mãos ainda a tremer, toda reconhecida. Foi emocionante.

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